A meritocracia baseia-se no princípio de que o indivíduo é responsável direto por sua evolução na cadeia social. Desta forma, tudo o que ele deseja alcançar deverá ser resultado de seu esforço, sendo, por essa razão, uma justa recompensa. Em outras palavras, isso significa afirmar que tudo aquilo que o indivíduo vier a conseguir em termos de ascenção social será justo, pois terá sido obtido através de seu empenho, ou seja, mérito, do Latim "mereo" significando merecer, obter. Muito apropriado.
Entretanto, tal justiça refletida no mérito individual, quando observada mais minuciosamente, mostra-se ilusória, uma vez que a análise desse mérito nem sempre é objetiva e justa como presume-se que deveria ser, deixando, assim, espaço para os mais diversos tipos de privilégios. Tais favorecimentos ficam evidenciados na sociedade brasileira quando é constatado que, na verdade, a referida justiça não existe de fato, mas apenas em aparência superficial, da mesma forma que ocorre com a ideia de que não existem preconceito e desigualdade social e racial no Brasil.
Um exemplo disso é o fato de a grande maioria dos negros, por serem pobres, e pessoas de outras etnias que também vivam em condições financeiras menos favorecidas, não conseguirem competir em igualdade de condições com indivíduos mais abastados na disputa por uma posição em uma empresa ou uma vaga em um concurso público. Isso não significa que sejam menos inteligentes. O que acontece é que, estes últimos, na maioria dos casos, sempre estudaram nos melhores colégios e universidades, além de levarem vantagem em sua preparação devido a diversos fatores, tais quais melhores alimentação e material de estudo, além de, geralmente, contarem com veículo para deslocamento.
Por outro lado, para aqueles primeiros, terminar o Ensino Básico já é um feito tão notável, que, quando conseguem concluir o Ensino Superior, é como se houvessem vencido uma batalha. Isto sim, um verdadeiro mérito.
